Durante o período em que a cidade ficou sem teatro oficial, nos anos que sucederam ao fechamento do Teatro São Pedro de Alcântara e precederam à inauguração do Santa Isabel, surgiram em Desterro algumas sociedades dramáticas amadoras, chamadas particulares. Eram pequenos grupos de teatro que utilizavam espaços gentilmente cedidos por pessoas que os disponibilizavam, ou até mesmo se apresentavam na rua por não possuírem condições de pagar o arrendamento de um espaço maior. Inclusive o figurino dos atores era extremamente precário.
Para o acesso aosespetáculos, era cobrado um valor módico, o que possibilitava a audiência dos populares. Nesses espaços, a interação entre o público e o espetáculo se dava sem a preocupação com as atitudes comedidas ou qualquer código de postura, etiqueta ou preceito moral.
Cruz e Sousa, por volta dos seus 15 anos, liderava um desses grupos na Rua da Paz (atual Jerônimo Coelho) e Virgílio Várzea liderava outro na Rua do Príncipe (atual Conselheiro Mafra).
Durante a campanha abolicionista dos anos 1880, as sociedades dramáticas amadoras representavam, entre outras obras, peças abolicionistas como a de Arthur Rocha e, assim, ajudavam a arrecadar fundos para a libertação de escravos.
ESPÍNDOLA, Elizabete Maria. Cruz e Sousa: Modernidade e mobilidade social nas duas últimas décadas do século XIX. 2006. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Programa de Estudos Pós-graduados em História, PUC, São Paulo, 2006.