Antonieta de Barros foi uma mulher negra com destacada atuação em Florianópolis no século XX. Nasceu em 11 de julho de 1901, filha de Catarina de Barros, lavadeira, moradora na região do Rio da Bulha, atual Avenida Hercílio Luz. Aos 17 anos, Antonieta ingressou na Escola Normal Catarinense, curso de formação de professores e professoras, formando-se em 1921. Foi educadora, deputada estadual, poetisa e jornalista. Como educadora, manteve, juntamente com sua irmã Leonor, o Curso Particular Antonieta de Barros, e também foi professora de Português e Psicologia no Colégio Coração de Jesus, no Colégio Catarinense e no Instituto de Educação Dias Velho, onde foi diretora entre 1945 e 1951.
Publicou artigos em inúmeros jornais, tais como: Folha Acadêmica, República, A Semana, A Pátria, Correio do Estado, O Idealista e O Estado, todos editados em Florianópolis. As crônicas que escreveu eram assinadas sob o pseudônimo de Maria da Ilha. A pesquisadora Lúcia Fontão comenta que Antonieta escrevia crônicas densas, críticas, que remetiam o leitor a problemas sociais, a reflexões filosóficas sobre a vida e a morte, sobre o dia a dia, sobre a educação, a política, a conduta cidadã. Marcadas por certo tom melancólico, suas crônicas eram impregnadas de significados e figuras de linguagem. Apesar dos inúmeros textos escritos ao longo da vida, Antonieta publicou apenas um livro, Farrapos de Ideias, editado pela autora em 1937.
Na década de 1930, Antonieta manteve intercâmbio com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, através de correspondência trocada com Bertha Lutz – responsável por ações políticas que resultaram em leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de direitos políticos no início do século 20 e uma das fundadoras da FBPF – que hoje se encontra preservada no Arquivo Nacional.
Filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e, na primeira eleição na qual as mulheres brasileiras puderam votar e ser votadas, elegeu-se deputada estadual com 35.484 votos. Seu mandato durou de 1934 a1937, quando o Golpe do Estado Novo dissolveu as assembleias legislativas. Com a queda do governo autoritário, em 1945, concorreu novamente ao cargo de deputada estadual, obtendo a primeira suplência pelo Partido Social Democrático, assumindo a vaga em 1947 e cumprindo o mandato até 1951.
Faleceu em 1952, aos 51 anos, em decorrência de diabetes.
ESPÍNDOLA, Elizabete Maria. Antonieta de Barros: educação, cidadania e gênero em Florianópolis na primeira metade do século XX. In: MONSMA, K.; LONER, B.; MATTOS, H.; ABREU, M.; DANTAS, C. Histórias do Pós-Abolição no Mundo Atlântico. Cultura, Relações Raciais e Cidadania. Niterói: Ed. UFF, 2014.
FONTÃO, Luciene. Nos passos de Antonieta: escrever uma vida. In: CONGRESSO DE EDUCAÇÃO BÁSICA: APRENDIZAGEM E CURRÍCULO, Florianópolis, 2012. Anais... Florianópolis: Universidade de Santa Catarina, 2012.Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/13_02_2012_11.01.11.6dcf92bc3d675d078e59e92a2ea922fe.pdf. Acesso em: 13 nov. 2013.
FONTÃO, Luciene. Nos passos de Antonieta: escrever uma vida. 2012. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira) – Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.
GARCIA, Fábio. Negras pretensões:a presença de intelectuais, músicos e poetas negros nos jornais de Florianópolis e Tijucas no início do século XX. Florianópolis: Umbutu, 2011.
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Dicionário mulheres do Brasil de 1500 até a atualidade.Rio de Janeiro: J. Zahar, 2000.